segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A MATEMÁTICA

Origem da foto:Google


      

               Quem é professor ou educador, sabe do que vou falar, o grande vilão para o curso de alfabetização é a matemática. Os alunos sente pavor por esta matéria, e alguns alunos acreditam que nunca vão entender.
            Enquanto educadora sempre busquei uma forma de tornar esta disciplina em algo mais lúdico, mais agradável, buscava sempre criar atividades práticas, relacionadas ao dia a dia deles.
            Lembrando o caso da D. Rute, uma senhora de 50 e poucos anos que dizia que não conseguia entender a matemática e que nunca iria aprender.
            Eu argumentava da seguinte forma:
-Dona Rute a senhora acha que nunca usou a matemática na sua vida?
-Nunca , eu  não sei fazer conta , não consigo.
-Tem certeza?
-Sim, tenho.
-Quem faz as compras na sua casa? Quem mexe com dinheiro?
-Eu.
-Quando a Senhora vai ao mercado ou a feira sabe conferir o troco?
-Claro que sei, ninguém me enrola. Eu faço a conta na cabeça, só não sei passar para o papel.
-Muito bem, a Senhora sabe fazer o mais difícil, resolver mentalmente. Passar para o papel  é o mais fácil é  desenhar a maneira como a Senhora pensa, e isso com um pouco de técnica se consegue.
Eu procurava sempre mostrar aos meus alunos que o  ser humano já nasce com a capacidade de pensar e resolver problemas matemáticos incríveis. Exemplificava com  procedimentos rotineiros, como abrir os olhos de manhã e calcular quanto tempo tem pra se vestir, tomar café e chegar no trabalho  . Outro exemplo que costumava a citar era a travessia da rua, dizia a eles que o nosso cérebro faz cálculos matemáticos complicados, desde a velocidade do carro, a largura da pista e tempo, tudo isso  num simples olhar. O nosso cérebro faz todos os cálculos automaticamente, para que atravessemos a rua com segurança. A matemática nos salva a vida todos os dias .
Muitas vezes saíamos do espaço da sala para vivenciar práticas, como por exemplo comprar algo no mercado, conferir preços, atravessarmos a rua. Enfim,  é assim que eu acredito num aprendizado dinâmico.
Eu posso garantir que todos os meus alunos no final do ano, entendiam perfeitamente a importância da matemática na nossa vida e acabavam apaixonados pela disciplina,  porque todas as nossas atividades eram vivenciadas.

Leonita Oliveira

sábado, 28 de setembro de 2013

PEÇA DE MUSEU? SERÁ?


Origem da foto: Google


Há 20 anos, não era como hoje, onde o educador tem muitos recursos tecnológicos para dar sua aula, precisávamos de muita criatividade, eu particularmente com muito custo comprei um mimeografo (Alguém lembra disso?). E com este equipamento eu preparava as minhas aulas. Sempre busquei me aprimorar, me especializar, mas sei que nem todos os professores  tem a oportunidade de fazer isso.
Ainda hoje conheço muitos educadores que não tem acesso a internet, que não sabem nem ligar um computador. Culpa deles? Claro que não. Muitos se desdobram em várias escolas, para poder ter um salário decente para se manter, e para manter a família.Portanto não sobra tempo para nada.
Tenho certeza que em muitos lugares do Brasil ainda é assim, o professor nada mais tem do que a lousa e o giz. Mas também não posso deixar de  dizer que na minha cidade, as escolas públicas estaduais já estão disponibilizando tablets com acesso a internet para os professores e alunos, e ai vêm o problema, os alunos dominam mais a tecnológica do que muitos professores, alguns não sabem nem como utilizar, e não é exagero, muitos não sabem nem usar um e-mail.
Creio que estamos caminhando, mas a passos tão lentos, essa  semana li uma frase muito interessante, e fecho aqui este post com ela.
"a escola tem um currículo do século 19, professores do século 20 e necessidades dos alunos do século 21".
Autor desconhecido
Leonita Oliveira

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

FRASE DITA POR UMA AMIGA:

" QUANDO EU LEIO O QUE VOCÊ ESCREVE, TENHO A IMPRESSÃO DE OUVIR A SUA VOZ, É COMO SE VOCÊ ESTIVESSE CONVERSANDO COMIGO." 

 ADOREI O CARINHO

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A PASSAGEIRA

Origem da figura: Google




Era um domingo tranquilo, com aquelas tradicionais reuniões de família. De repente uma viatura da polícia parou na  minha porta.
- Gostaríamos de falar com a professora Leonita.
- Sou eu
-A Senhora tem uma aluna chamada Mariana?
-Sim, tenho.
- A Senhora pode nos dizer onde ela esta agora?
-Senhor policial, hoje é domingo, eu não sei onde os meus alunos estão. Eu só respondo por eles, no meu horário de trabalho. Por que, aconteceu alguma coisa?
-Os pais desta aluna, disse que ela não voltou pra casa, desde sexta-feira, e ela comentou com uma amiga que viria pra casa da professora. Eles deram queixa do desaparecimento da filha.

OS FATOS

Mariana era um moça, mais ou menos com 19 anos e apresentava um leve retardo mental, por não ter sido alfabetizado na infância, os pais resolveram matricular ela na Alfabetização de adultos. Como  passava a  maior parte do dia sozinha , ela tinha o hábito de pegar ônibus e ficar rondando pela cidade dentro dos coletivos. Acontece que ela se engraçou por um cobrador de ônibus e foi morar com ele, para despistar os pais, disse que iria morar comigo. É claro que a polícia encontrou, mas já era tarde, Mariana estava grávida. Esse foi o verdadeiro motivo dela ter fugido de casa.

Leonita Oliveira


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A LUA

Origem da foto: Google
A  aula começava  a  19:00, porém eu sempre chegava meia hora antes para organizar a sala . Naquele diajá tinha toda a minha aula estruturada e planejada,  enquanto aguardava a chegada dos alunos, olhei pela janela  e  vi a lua, linda, redonda  uma verdadeira tela pra ser admirada. Os alunos foram chegando, cumprimentando e sentando. Quando todos  já estavam na sala,  pedi a eles que não abrissem os materiais, porque íamos fazer algo diferente, íamos ter uma aula ao ar livre.  A noite era de calor, com a lua cheia e linda, não tinha sentido ficarmos todos ali presos em sala de aula.
Perto da escola, tinha um pequeno parque com bancos de jardim e  propus  irmos até lá. Chegando à pracinha, nos acomodamos nos bancos,   e,  solicitei-lhes que olhassem para a lua e  dissessem a primeira coisa que viesse a cabeça,  um aluno inicio cantando este versinho.
                                                        
                                                                 “A benção mamãe Lua,
                                                                  Me dá pão com farinha,
                                                                  Para mim dar à minha galinha
                                                                  Que ficou presa, na cozinha”

Esse versinho faz parte da cultura brasileira e foi  o ponto de partida para prosearmos e contarmos os nossos causos de crianças, das brincadeiras de roda, de esconde-esconde. Os alunos adoraram, foram tantas as histórias que quando voltamos pra escola, pedi a eles escrevessem as suas memórias.
A maioria escreveu sobre a  infância, das brincadeiras na lua cheia, dos  namoricos e da saudade que tinham do lugar onde nasceram.

Leonita Oliveira

terça-feira, 24 de setembro de 2013

OLHO DE PEIXE

Dona Maria












Eu não posso deixar de contar esta história, vamos falar da Dona Maria, uma senhora de quase 70 anos que resolveu estudar na terceira idade, isso é muito comum na alfabetização de adultos.
Todo o dia tinha que, reservar uma cadeira para ela e outra para seus  pés. Durante o dia ela trabalhava como merendeira de uma escola e a noite ia para a sala de aula, mal aguentava andar com os pés cheios de olhos de peixe (verruga plantar). Todos os demais alunos eram solidários com ela e traziam na hora do intervalo o seu lanche e a paparicavam.
Dona Maria sempre me dizia: Não perca muito tempo comigo, dê mais atenção aos outros alunos, pois eu só quero aprender a escrever o meu nome. E eu respondia pra ela: Mas por que só quer aprender o seu nome, a senhora pode ler  e escrever o mundo, tem tantas coisas lindas pra se ler.
 A história de Dona Maria contada por ela:
Segundo ela, moravam numa pequena cidade de Minas Gerais,  com o marido e os sete filhos. Um dia o marido saiu pra comprar cigarro e nunca mais voltou, deixando ela sozinha pra criar os filhos. Comeu o pão que o diabo amassou, mas conseguiu, os filhos cresceram , vieram pra São Paulo e aqui todos estudaram, graças ao esforço dela. Porém, um dia quem apareceu? O marido, depois de anos, sem dar uma única noticia, voltou.  Ela então pediu o divórcio, porque  nem isso ela tinha conseguido. O sonho da Dona Maria era escrever o próprio nome, na frente do ex-marido e do Juiz, não queria ser considerada analfabeta, colocando o dedo no tinteiro pra assinar. Por isso ela entrou na escola, apenas para aprender a escrever o nome.
Anos depois, encontrei um filho dela e perguntei como tinha sido o divórcio, e o filho  disse-me que a maior felicidade dela, foi ter assinado o nome na frente do Juiz e do ex-marido, e também ter tirado uma identidade nova com assinatura.
E o olho de peixe?  Era a reclamação dela todos os dias na classe.

Leonita Oliveira