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Dona Maria |
Eu não posso deixar de contar esta
história, vamos falar da Dona Maria, uma senhora de quase 70 anos que resolveu
estudar na terceira idade, isso é muito comum na alfabetização de adultos.
Todo o dia tinha que, reservar uma
cadeira para ela e outra para seus pés. Durante o dia ela trabalhava como
merendeira de uma escola e a noite ia para a sala de aula, mal aguentava andar
com os pés cheios de olhos de peixe (verruga plantar). Todos os demais alunos eram solidários com
ela e traziam na hora do intervalo o seu lanche e a paparicavam.
Dona Maria sempre me dizia: Não perca
muito tempo comigo, dê mais atenção aos outros alunos, pois eu só quero
aprender a escrever o meu nome. E eu respondia pra ela: Mas por que só quer
aprender o seu nome, a senhora pode ler
e escrever o mundo, tem tantas coisas lindas pra se ler.
A história de Dona
Maria contada por ela:
Segundo ela, moravam numa pequena
cidade de Minas Gerais, com o marido e
os sete filhos. Um dia o marido saiu pra comprar cigarro e nunca mais voltou,
deixando ela sozinha pra criar os filhos. Comeu o pão que o diabo amassou, mas
conseguiu, os filhos cresceram , vieram pra São Paulo e aqui todos estudaram,
graças ao esforço dela. Porém, um dia quem apareceu? O marido, depois de anos,
sem dar uma única noticia, voltou. Ela
então pediu o divórcio, porque nem isso
ela tinha conseguido. O sonho da Dona Maria era escrever o próprio nome, na
frente do ex-marido e do Juiz, não queria ser considerada analfabeta, colocando
o dedo no tinteiro pra assinar. Por isso ela entrou na escola, apenas para
aprender a escrever o nome.
Anos depois, encontrei um filho dela e
perguntei como tinha sido o divórcio, e o filho
disse-me que a maior felicidade dela, foi ter assinado o nome na frente
do Juiz e do ex-marido, e também ter tirado uma identidade nova com assinatura.
E o olho de peixe? Era a reclamação dela todos os dias na classe.
Leonita Oliveira
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