O estudante foi atrapalhar a história do Furquim cheio de questão pro homem. Daí ouviu o que não queria.
O Furquim era bicharêdo bom pra contar mentira. Certa feita, contou essa:
Furquim: Eu tava no meio do mato, quando de repente me apareceu uma onça duns 05 metros de cumprimento. Naquela hora, vendo aquela bitelona de onça, eu carpi nos pé. Eu corria e a onça corria atrais. Até que eu cheguei na bêra do Rio Sapucaí. O jeito era caí n’água e saí nas braçada. A sorte é que eu nado muito bem. E num instante travessei o rio. Graças a Deus.
Estudante (contrariando): Espera um pouco, sêo Furquim. Se o senhor nada bem, a onça também sabe nadar e até melhor que o senhor. Seria natural que ela nadasse também, atrás.
Furquim: Foi isso mêmo que se deu. Eu caí n’água e a mardita caiu em riba, sempre nos meu carcanhá. Eu saí do outro lado do rio e ela também. E toca eu correr, até que me deparei com uma grande pedra, muito arta e lisa. Ah, dei um galeio no corpo e pumba: pulei pra riba da pedra. Graças a Deus.
Estudante (pegando no pé): Mas espera aí. Se o senhor pula bem, a onça pula melhor.
Furquim: Pois foi. Eu pulei e a desgramada pulou também. Eu saí de lá e continuei na carreira. Ah, mas a minha sorte se deu foi agora. Uma grande moita de espinhêro, daquelas bem fechada. Meti os peito, travessei a moita e ó… Graças a Deus.
Estudante (de novo contraria): Mas se o senhor que é humano, tem a pele macia, atravessou o espinheiro, imagina uma grande onça que tem couro duro. Ela tem que atravessar e continuar correndo atrás do senhor.
Furquim (perdendo a paciência): Óia aqui, moço. O sinhô qué sabê de uma coisa? A onça me comeu… Tô na barriga dela… E o sinhô vá pros quinto dos inferno, tá bão?
Leonita Oliveira
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